segunda-feira, 2 de junho de 2014

MARINHO CHAGAS E SUAS FRASES : "SORRIA PARA FAZER SORRIR AQUELES QUE SOFREM


Marinho Chagas se foi. O talento desfilado em campo na Copa do Mundo de 1974 ficou eternizado. Os gols com a camisa da seleção brasileira também serão lembrados. Mas a "Bruxa", como ficou conhecido, é muito mais que isso. Além de ter revolucionado a função do lateral-esquerdo, quando só queria atacar, foi um dos primeiros metrossexuais do futebol mundial e, com fama de baladeiro, digamos assim, acabou vivendo o outro lado da moeda. A bebida foi um dos maiores vilões do ex-jogador, que faleceu neste domingo após complicações causadas por uma hemorragia digestiva, em João Pessoa.

Marinho também chamava atenção por frases de efeito e opiniões a respeito de tudo e de todos. Falava o que vinha na cabeça. Quando esteve internado no hospital São Lucas, em Natal, em novembro, também devido a uma hemorragia digestiva, ele concedeu entrevista para o jornalista e cineasta Daniel Rizzi. Debilitado, mas sem perder a pose, mandou recado para aqueles que gostavam de falar da sua vida boêmia e que "Marinho só fazia mal a ele mesmo", declaração recorrente de amigos e fãs. Era um misto de rancor, com uma "pitada" de lição de vida. 

- O que eu tenho a dizer a vocês é o seguinte: não tenham inveja de mim. Faça o que eu fiz, mas não me inveje. Nós não temos direito de falar das pessoas. Só quem tem este direito é Deus. Só Deus pode tirar nossa vida, e falar da nossa vida. Nós não podemos falar um do outro. E outra coisa: sorria para fazer sorrir aquele que sofre. Triste é a tristeza daquele que não sabe sorrir - disse.

Marinho Chagas e a presidente Dilma Rousseff na Arena das Dunas (Foto: Elisa Elsie/Divulgação)Marinho Chagas e a presidente Dilma Rousseff na inauguração da Arena das Dunas (Foto: Elisa Elsie/Divulgação)

Em outra parte do vídeo que seria utilizado em um curto documentário, Marinho parecia falar de vários personagens para se referir à própria luta pela vida.
 
- E vocês que vão para os hospitais visitar pessoas doentes, parentes e amigos, não cheguem revoltados. Cheguem sorrindo nos hospitais e nos postos de saúde. Cheguem sorrindo para fazer sorrir aquelas pessoas que estão sofrendo ali há muito tempo, há dois, três, cinco meses. Um com diabetes, outro fazendo hemodiálise, com problema no coração, depressão, outro viciado em drogas, bebidas, alcoólatra. Tudo isso aí faz parte do seu sorriso para mudar essas pessoas. Sorria para fazer sorrir aqueles que sofrem. Esta é minha mensagem. Marinho Chagas, embaixador da Copa do Mundo 2014 aqui em Natal - completou.

Quando convidado para eventos referentes à Copa do Mundo, aparecia elegante, com o mesmo sorriso estampado no rosto. Distribuía autógrafos e fazia fotos com todos. Gostava de ser lembrado. Foi assim na inauguração da Arena das Dunas, estádio que sediará quatro jogos do Mundial. Na oportunidade, fez questão de recepcionar a presidente Dilma Rousseff, além de chamar os holofotes para um registro ao lado da obra feita pelo artista plástico Guaraci Gabriel. Ficou para a posteridade. A Copa, pelo menos em Natal, estará mais triste sem Marinho Chagas.
Marinho Chagas, ex-lateral da Seleção Brasileira, é homenageado pela FNF (Foto: Canindé Soares)Marinho Chagas foi homenageado pela FNF na inauguração da Arena das Dunas (Foto: Canindé Soares)

Astro do futebol
No auge da carreira, Marinho Chagas era visto como popstar. Em uma rápida comparação, podia ser o David Beckham dos 1990 ou o Cristiano Ronaldo dos anos 2000. Conheceu estrelas internacionais como Frank Sinatra, Mick Jagger e Bob Marley, e até deu em cima da atriz Grace Kelly, princesa de Mônaco. O jornalista Alex Medeiros, autor do livro "Todos juntos, vamos - Memórias do Tri", lembra que, "já gozando a celebridade de craque e a fama de astro pop dos gramados, Marinho aparecia em Natal exibindo o novo visual de hippie boleiro, que enfeitiçava donzelas nas ruas do Rio de Janeiro e da Europa".
Imagem com Marinho Chagas e Rivelino, em 1974 #RN (Foto: Arquivo Pessoal)Marinho Chagas marcou época dentro e fora dos gramados (Foto: Arquivo Pessoal)
- Marinho Chagas foi um dos mais incríveis jogadores que meus olhos já viram, um artista em campo e fora dele, uma figura pública que jamais se preocupou em delimitar os espaços entre o profissional e o homem. Nunca escondeu suas angústias e devaneios. Na composição do seu perfil psicológico, se misturam os gênios de Heleno de Freitas, de Garrincha, de George Best, de Nei Conceição, de Maradona, de Paul Gascoigne - aponta 
Quando jogou no Cosmos, de Nova Iorque, esteve ao lado de craques como Pelé, Beckenbauer e Cruyff. Ganhou muito dinheiro, do mesmo jeito que perdeu. Não construiu nenhum império, mas deixou sua marca de irreverência e conseguiu o respeito de todos no futebol. A prova foi a quantidade de homenagens recebidas neste domingo, do presidente da Fifa, Joseph Blatter, a Zico, seu ex-companheiro de Seleção, passando pelos campeões mundiais Rivaldo e Romário.
- Natal perdeu seu filho mais célebre no âmbito mundial, o herdeiro legítimo do gênio Nilton Santos, ídolo de Beckenbauer e Platini, ícones universais da Alemanha e França. Se foi às vésperas da Copa o único potiguar com duas Bolas de Prata, o maior jogador da história do futebol do RN - finalizou Alex, que é torcedor do Botafogo, onde Marinho se projetou para a seleção brasileira e para o cenário mundial.

fonte : globoesporte.com/rn

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